A Justiça Federal do Rio Grande do Sul (JFRS) promoveu, hoje (4/8), a palestra “Uso seguro, eficiente e estratégico da IA Generativa: aprenda a perceber as oportunidades reais de aplicação nas suas rotinas”. O evento foi realizado no auditório do edifício sede, em Porto Alegre, e contou com transmissão online pelo Zoom e Youtube.
O palestrante, Vitor Martins Dutra, é servidor do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), possui especialização em Inteligência Artificial (IA) aplicada, com MBA em Tecnologia (IA, Data Science e Big Data), formação jurídica e técnica em TI, com certificado internacional em Scrum e Design Thinking. Além disso, é ex-integrante do Laboratório de Inovação da Justiça Federal do RS e autor de livros sobre IA jurídica.
A apresentação foi dividida em oito tópicos: contexto; conceitos técnicos; Engenharia de Prompt; ferramentas; normas e cautelas (uso seguro); tutorial (uso estratégico); (IA) Gente e exemplos (uso prático).
Inicialmente, Dutra conceituou a IA Generativa como sendo uma tecnologia complementar à automação e à IA tradicional. Ele pontuou que se trata de uma ferramenta de revolução intelectual e criativa, que possui capacidade de criar conteúdos e de imitar o ser humano. A tecnologia é uma “máquina de probabilidades”, treinada a partir de um volume enorme de dados.
O palestrante destacou a importância dos comandos (“prompts”): “ao contrário do que muitos pensam, a ferramenta não é o mais importante. Tecnicamente falando, o mais importante, sem dúvida nenhuma, é a engenharia de prompt [técnica de comunicação]”.
A IA Generativa já está presente no contexto do Poder Judiciário, sendo indispensável, segundo ele, o investimento na formação pessoal, com o devido letramento acerca do uso consciente da ferramenta. Aplicada ao contexto da prática jurídica, é possível criar documentos como modelos, resumos, análises e padrões, dentre outros.
Dutra ressaltou a necessidade de questionar o que se deseja, afinal, com o uso da IA: “a gente não pode, a pretexto de buscar a maior velocidade, usar a IA e violar os próprios fundamentos do Direito, que é o principal”.
O palestrante citou a Resolução nº 615/2025, do Conselho Nacional de Justiça, que prevê a obrigatoriedade de supervisão humana no uso da ferramenta, capacitação, observância aos direitos fundamentais, garantia da segurança jurídica e análise dos graus de riscos. A orientação é que devem ser conjugados os seguintes objetivos: velocidade, qualidade, produtividade e segurança.
Foram abordadas, também, as possibilidades de falha e possíveis impactos negativos que podem ocorrer com o uso da IA, como: alucinação, atrofia do conhecimento e vazamento de dados.
O especialista definiu cinco pilares fundamentais para o uso mais seguro da IA: letramento digital e letramento em IA; conhecimento e avaliação crítica; organização dos processos de trabalho; criatividade e postura, com foco nas pessoas.
Ao longo da palestra, foram apresentados exemplos práticos do uso da IA, como geração de relatório, com base em estudo dirigido, e construção de modelos a serem reproduzidos.
Concluindo, Dutra deixou as seguintes mensagens: “não é sobre o que a IA pode fazer, mas sobre o que queremos dela para alcançar nossos propósitos” e “que nos tornemos gestores da IA e não apenas geridos por ela”.
(NUCOM/JFRS)